segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Mortos pela seca, cajueiros são cortados e viram lenha no RN

Em Serra do Mel, mais de 20 mil hectares de plantação já foram dizimados.
Para sobreviver, agricultores estão vendendo lenha para as cerâmicas.

Fonte: g1

pior seca dos últimos 100 anos no Rio Grande do Norte está devastando as plantações de caju, uma das principais atividades econômicas do estado. No município de Serra do Mel, um dos maiores produtores de castanha de caju do país, a estiagem também tem sido implacável. Sem água, as plantas desidratam e morrem. E sem ter o que colher, a solução para o sertanejo é aproveitar o que resta: a madeira seca. Hoje, cortar galhos e vender a lenha para fábricas de tijolos e telhas é o único jeito de se conseguir dinheiro e botar comida na mesa.
“Uma carrada, que é um caminhão cheio, sai daqui com 40 metros cúbicos de madeira cortada. Rende R$ 400. É isso o que conseguimos faturar por semana. No final do mês, são R$ 1.600 no bolso, dinheiro que vai sustentar a família”, explicou o agricultor Pedro Gomes, de 72 anos.
Dono de 15 hectares de terra, Pedro disse que em 2011 chegou a ter 4 mil pés de caju produtivos. "Naquele ano, vendi 30 toneladas de castanha para a cooperativa dos produtores de caju do município, que exportou tudo para a Suíça. Foi uma época de fartura para todos nós. Era tanto caju que chegou a fazer lama", brincou. De acordo com a Cooperativa dos Beneficiários Artesanais de Castanha de Caju de Serra do Mel (Coopercaju), uma tonelada de castanha beneficiada, pronta para o consumo, era exportada em 2011 a R$ 36 mil.
Mas, ainda de acordo com o próprio agricultor, nestes últimos quatro anos a seca tomou conta de tudo e o tempo de boas safras chegou ao fim. "Ano passado, para vocês terem uma ideia, colhi apenas 189 quilos. A castanha bruta (in natura) ainda consegui vender a R$ 3 o quilo. Este ano, o pouco que deu meus netos comeram numa torrada só", contou.

Pedro Gomes, agricultor (Foto: Fred Carvalho/G1)

Hoje, ainda de acordo com Pedro Gomes, dos 4 mil cajueiros que foram plantados em suas terras, pouco mais de 40% ainda têm folhas nos galhos. “O restante morreu. Estamos queimando, derrubando e cortando os pés. Dói no coração ter que fazer isso, mas precisamos de dinheiro para comer”, ressaltou.

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